Cérebro Voltaiko Especial Double Feature: Mugen no Jūnin/Black Mirror



Senhoras e senhores, leitores do Blog mais incoeso da blogosfera. Hoje, nós teremos dobradinha...

Hoje agente começou cedo...

Pois sim, Double Feature, era como eram chamadas as sessões a preço de banana que eram passadas nos cinemas vagabundos nos EUA. Eram filmes de péssimo gosto, cheio de mulher pelada e muito sangue falso. Bem como os da Avenida São João mentira e esse blog. E essas produções eram chamadas de Grind House.

[fim da cultura inútil]

E vai ser uma dobradinha por que se trata do seguinte: É um post feito com a colaboração do leitor Tiago Guimarães, que atendendo ás minhas súplicas por socorro, sugeriu os temas. Deveria ser uma quadradinha aliás. Por que ele sugeriu quatro coisas, mas as outras duas ainda não cheguei a ver, por isso vou ficar devendo, mas assim que assistir comentarei a respeito.

Então meus caros, comecemos o post.






Puta que o pariu...
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Puta que o pariu...

Vou começar dizendo que esse filme é uma dessas realizações de sonhos estranhos. Em 2006, no Cine Olido foi apresentado uma mostra de cinema intitulada "Oriente Extremo", mostra esta, que abriu as portas da percepção do cinema japonês pra mim. Entre os filmes estava o Battle Royale do Kinji Fukasaku, Tetsuo - O Homem de Ferro de Shinya Tsukamoto e Ichi The Killer de Takashi Miike. Filmes que eu já recomendei muito aqui no Blog. Pois bem, Takashi Miike - que faz uma ponta em O Albergue do Tarantino aliás - se tornou, já naquela época, meu diretor de cinema japonês favorito. E no ano anterior, ganhei de presente de Natal a edição número um de Blade: A Lâmina do Imortal da mulher que seria minha esposa. Blade ficou em segundo lugar como meu mangá favorito de todos os tempos nesta lista que fiz em 2015. Inclusive eu falo mal do EXCELENTE Ataque dos Titãs, ignore minha inépcia arrogante.

Pois em 2017, para minha enorme alegria, Takashi Miike faz um filme de Blade: A Lâmina do Imortal... Não tenho como explicar em palavras minha alegria...

Ainda tá fraco...

Pois bem, o Blade já tinha um anime, que é uma bosta - isto eu mantenho - a ÚNICA coisa boa desse anime, é a música de abertura. E só.

Mas porras, o filme seria dirigido por Takashi Miike, não tem como ser ruim. Manja aquela piada de que quando você tá esperando alguma coisa ansiosamente, você risca a parede que nem presidiário contando os dias? Pois bem...

Bem assim...

E cara o filme não decepciona... Claro.

Antes deste filme, o Miike fez a adaptação do mangá Terra Formars - que eu não li - e o remake de Os 13 Assassinos - que assisti no cinema e centenas de vezes em casa - e mais uma série de outras adaptações de mangás, tipo Crows Zero - filme loko aliás.

Eu achei o Terra Formars muito louco, foda mesmo. Mas a crítica não gostou. Eu não sei o que dizer disto, por que não li o mangá. Pode ser que eles estejam certos nesse sentido, sei lá. Mas o 13 Assassinos, puta que o pariu... Aliás, eu gostei mais do 13 Assassinos do que do Blade viu...

É triste dizer isso, por que eu esperei que o Blade fosse arregaçar o 13 Assassinos, mas não.

O que não diminui o Blade, claro. Por que como disse, ver o Blade de Takashi Miike foi a alegria dos meus olhos... Da um liga nisso:

OLHA O KIBE!

E não é só isso, a Gogo Yubari do Kill Bill que é referência à mesma atriz do Battle Royale, fez a Hyakurin.

Pode ser peruca, mas que enche os olhos...



Por falar nisso, a treta que eu queria ver meeeeesmo, meeeesmo era Chiaki Kuriyama Vs. Erika Toda...

Chiaki Kuriyama


Erika Toda



Nossa, tinha tempo que não fazia isso num post... E eu nem curto asiáticas, mas isso já é apelação...

Mas você me pergunta: Ora meu caro, mas por que o filme não foi 10/10?!

O filme é foda por muitos motivos, mas principalmente por que o Miike adaptou com perfeição, sério, com perfeição mesmo. Do primeiro arco até o a fase Habaki. Só que a partir disso, quando começa o arco do Levante de Inverno onde, no mangá, a treta atinge um nível de maturidade e sensibilidade humana ímpares do criador Hiroaki Samura. Ele não adaptou... E era o que eu mais queria ver. Por que é onde tudo fica mais interessante.

Eu imagino que depois da crítica ter destruído o Terra Formars - que era pra ter sequência, mas miou - ele ficou com medo de acontecer a mesma coisa com o Blade, e por isso ele cria um final pessoal, zerando o filme de ter sequência. Algo que ficou bom, não nego, era o tipo de final foda que eu teria escrito se estivesse no lugar dele, mas fiquei bolado com isso.

Por exemplo, é por isso que gostei mais do 13 Assassinos. Que é um filme de Samurai pesado pra porra, do jeito que só a cabeça torpe do Miike poderia bolar. Mas é um filme cheio de heroísmo e sensibilidade. Diria que o 13 Assassinos é influência direta do Blade. Inclusive o Hiroaki Samura cita em uma edição do mangá do Blade, o mangá do Ichi The Killer...


coincidencias demais heim amiguinho...


Mas é só isso, e nem acho que a culpa é dele, mas da produtora - a excelente Magnet que lançou o filme V/H/S que elogio sempre - que ficou com cu na mão de desagradar fã poser...

Eu sempre digo isso e não é de hoje: O fã poser com camiseta ~bazingueira~ foi o começo da destruição da cultura nerd roots - por falta de termo melhor, por que odeio até esse termoPor que os produtores estão é de olho no millenial ispertchinho e ryco que gasta arroubos pra se parecer com um cara que curte mesmo quadrinho, video-game, RPG, cinema de ação, ficção-científica etc... Estão de olho em crítico de cinema malandro, que nunca virou uma página de quadrinho/mangá na vida, enquanto destroem tudo o que você amou a vida toda em nome do dinheiro e outras insidiosidades...

*tosse* Marvel*tosse*Star Wars*tosse*

Tudo quinta-coluna mesmo, foda-se...

Mas tirando essa questão do final do filme, eu assisti o filme com aquela lagriminha marota no canto dos olhos. Fotografia impecável, referência ás capas do Mangá - tem uma cena da Makie (Erika Toda) de pé numa lança que eu até arrepiei de nerdice - enquadramento de câmera imitando os quadros do mangá... Porra o filme é foda mesmo, bonito de se ver de tão cabuloso. E a trilha sonora... Puta que o pariu, que filme foda mano. Só queria ter visto o levante de inverno e os personagens desse arco... Mas quem sabe um dia... Agora ele tinha que fazer uma versão nova de O Lobo Solitário, que é meu mangá favorito de todos os tempos, mas ouço o trovão se aproximando...

Aliás, o mangá do Blade foi relançado em edição de luxo e saiu finalmente o que acontece depois que o Manji sai do calabouço, se você ainda não leu, procure. Tá meio salgadinho o preço, mas como sou fã, gastei um arroubo de dinheiro nisso...





Das Kapital...

Muito bem, Parte II.




Sim, e nessa segunda parte da nossa Double Feature: Black Mirror...

Black Mirror é herdeiro direto do Twilight Zone, sim, a zona do crepúsculo também conhecida como Além da Imaginação... Que se você se preocupou com coisas normais e saudáveis da vida, teve namorada, amigos, e vida social ou é muito jovem, talvez nem saiba que djabos é isso...

Mas como eu cresci num calabouço, cheio de quadrinho que o menino fantasma que aparecia na TV de casa de madrugada lia antes mim, então eu conheci essas coisas...

Mas o que eu estava vendo na Band de madrugada? Deixe para lá...

Além da Imaginação era uma série que tratava de coisas não necessariamente sobrenaturais. Mas de viagem no tempo, mundos paralelos, zonas negativas, aliens, vida artificial e eventualmente coisas sobrenaturais também. Teve cinco temporadas e no começo era apresentado por Rod Serling. Outra série que já citei aqui que é porreta e que também é herdeiro da mesma tradição é o Night Visions.

Mas era preciso existir algo que seja reflexo da nossa geração. Então surge Black Mirror.

O mais assustador no Black Mirror - Na minha opinião - é que nós achamos Black Mirror passível de se tornar real. No mundo laico e ateu em que vivemos, dificilmente você acreditará que um djabo vá fazer um pacto pela sua alma, ou que a morte pode negociar o dia em que você vai morrer, ou que você pode ser atacado por sombras - como acontece em alguns episódios de Além da Imaginação e Night Visions - Mas é muito plausível de se acreditar que o ser humano vai virar um imbecil zumbi que vai trocar sua liberdade por uma conta numa rede social... Ou que pode ser escravizado por ter um segredo pessoal descoberto por um Hacker, ou por que as máquinas podem dominar/destruir o mundo.

Até mesmo os zumbis deixaram de ser criaturas do inferno, ou demônios/almas que possuem cadáveres, mas sim humanos contaminados por vírus. Ciência Vs. Religião, simples assim. O chamado obscurantismo contra a razão instrumental.

Curioso que com tantos episódios fodas como "Fifteen Million Merits" ou Quinze Milhões de Méritos - meu favorito, que mostra como o ser humano é tratado como merda, como gado, como mercadoria, como objeto de destruição e mutilação. Como destroem a dignidade inerente do ser humano explicitamente, nos pormenores da vida e ao som de fortes aplausos. Como as coisas importantes que nos elevam como espécie são convertidas em produtos de comércio e entretenimento descartável. Mostra como a coletividade social é assustadoramente burra, e como perderemos nossa vida com sexo sem sentido e sem amor, reality shows, aplicativos e joguinhos de celular que são o último refúgio de pedido de socorro e que são os únicos que te elogiam com estrelas piscantes e cores apelativas numa sociedade extremamente burra, arrogante e hedonista. Curioso que no Black Mirror, quem ganhou o Prêmio Emmy do Primetime: Melhor Filme Feito Para Televisão foi o episódio San Junipero...

Será que San Junipero é tão bom assim? Ou existe algum tipo de interesse sub-reptício por trás da divulgação dele? Há alguma ligação deste episódio com o desconexo episódio 7 de Stranger Things da Netflix?




Pois é... Isso é o Black Mirror fazendo sentido... O Black Mirror atingiu um nível de crítica social que chega ás raias do absurdo de tão boa. Quantas vezes você já parou dentro de algum lugar com muita gente - como no metrô ou num ônibus - e ao seu redor a cena era igual a esta:

episódio 01, temporada 03 - Nosedive

Pois é meu amigo, minha amiga dona de casa... Jesus já voltou e agente ficou pra trás marcando touca...

Black Mirror nos faz uma pergunta. Uma única pergunta que insiste em nos atormentar pelas ruas nos dias de hoje: "O que nos torna humanos?". A resposta seria talvez a pergunta reversa: "o que nos destrói como humanos?". Eu tenho minhas opiniões que não acho que sejam pertinentes neste post, mas eu sei que isso não pode ser normal. Acho que nós estamos nos perdendo como seres humanos e acho que isso vai ter um preço um dia. Não acho que uma mexidjenha no celular a tôa no ônibus possa causar uma hecatombe social, mas acho que é um sinal preocupante que a tecnologia tenha diminuído nossa dignidade como humanos, nossa conexão com o mundo que nos cerca e afetado pra pior as relações humanas, mas que ao mesmo tempo, seja quase impossível viver sem ela. Este blog é uma prova disto. Toda a sociedade moderna é prova disto, mas a pergunta é: Valerá a pena? Seremos elevados como humanidade ou rebaixados a zumbis retardados, arrogantes e burros, sujeitos passivos á todo tipo de manipulação social?

Fica o mistério no ar...

Outra coisa curiosa é a extrema mudança na temática da nova temporada do Black Mirror. Nem vou comentar sobre isso, mas pra mim, tem algo de podre no reino da Dinamarca... Mas como vivemos num semi-Black-Mirror, eu não posso falar tudo o que penso se quiser continuar com o Blog...


***

É isso aí, espero que tenham gostado, principalmente meu caro leitor Tiago Guimarães, que sugeriu os temas de hoje. Se você leitor tiver alguma sugestão, é só colocar nos comentários. Por que do contrário, só quando minha cabeça estiver em choque que vai ter outro texto novo... Até lá, compartilhem o texto e até a próxima, se Deus quiser! E pra terminar:

Chiaki <3








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